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domingo, 4 de setembro de 2011

Passei o Dia Ouvindo o que o Mar Dizia


Eu hontem passei o dia
Ouvindo o que o mar dizia.
Chorámos, rimos, cantámos.
Fallou-me do seu destino,
Do seu fado...

Depois, para se alegrar,
Ergueu-se, e bailando, e rindo,
Poz-se a cantar
Um canto molhádo e lindo.

O seu halito perfuma,
E o seu perfume faz mal!
Deserto de aguas sem fim.


Ó sepultura da minha raça
Quando me guardas a mim?...

Elle afastou-se calado;
Eu afastei-me mais triste,
Mais doente, mais cansado...

Ao longe o Sol na agonia
De rôxo as aguas tingia.

«Voz do mar, mysteriosa;
Voz do amôr e da verdade!
- Ó voz moribunda e dôce
Da minha grande Saudade!

Voz amarga de quem fica,
Trémula voz de quem parte...»

. . . . . . . . . . . . . . . .

E os poetas a cantar
São echos da voz do mar!

António Botto, in 'Canções'




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